Até o fim do ano, toda vez que a Lua estiver nos últimos graus de algum signo cardinal ela estará lascada. Isso porque há uma tensão constante entre os maléficos, uma briga de gente grande entre Marte nos últimos graus de seu trono mais quente e Saturno nos últimos graus de seu domicílio mais gélido. A Lua aspectando ambos em signo igualmente cardinal sempre vai ali de oposição, quadratura ou conjunção com um e, ao mesmo tempo, com outro. Desse trecho ela sai queimada, de frio ou de calor ou de ambos, é inevitável como brigar, diria a Lua em Áries ou como decidir, dirá a Lua em Libra que abre o dia de hoje. Às 15h30, a Lua, não bastasse em via combusta, suficientemente ferida pelos maléficos, adentra signo que lhe oferece debilidade essencial, a queda: o Escorpião. Às vezes, diante de forte impacto da vida, adentramos um estado de letargia, suspense. As horas se passam pasmadas, atônitas. Caímos. E se o chão já chegou não sentimos. Descemos além do chão narcotizados pelo veneno do Escorpião. Hoje a Lua adentra o Lacrau e não faz aspecto com ninguém como se, caindo por horas, ficasse anestesiada pela própria adrenalina, como quem fica chapada de dor depois da meia hora de sucessivas agulhadas de uma perfuradora de tatuagem. Mais pra noite a Lua consegue, com um olhar sutil, dialogar com a Vênus que está a 14 graus de Leão. E a Vênus, deusa dos lenitivos, faz a manutenção de suas doses de amortecimento.