No Rio de Janeiro, no mesmo instante em que o Sol se puser, a Lua chegará no ápice de luminosidade da Lunação, a Cheia. E se colocando a 180 graus do Sol, nascerá no leste no mesmo passo em que Ele se retirará a oeste. A noite hoje vai ser dia, assim como os dias têm sido noite. Áries exalta o Sol, o Deus da Vida. Libra, o signo que oferece veste ao Sol durante esse mês, exalta Saturno, o Deus da Morte. Se o Sol representa o dia, Saturno é um representante da noite. Se o Sol é a certeza de que estamos vivos, Saturno é certeza de que morreremos. Não apenas em exaltação, mas em domicílio se opõe. Áries, sendo território de Marte e Libra, de Vênus. Onde queres revólver, sou coqueiro, diz o Sol. A Lua desmancha prazeres, nem pra complementar com o verso seguinte, responde que quem sabe faz a hora não espera a acontecer. A Lua olha pro Sol, a quem ama ardentemente, e briga. Não só por hábito, mas porque em Áries ela não compreende a vida em outra chave que não essa. É seu mapa de vista. Se deixar de brigar é porque desistiu de viver e isso nunca acontecerá porque Áries tem como característica mais comovente justamente a paixão pela vida. E o Sol não se abala com suas colocações. Ao contrário, com um olho no tempo e outro na Vênus, considera a colocação da Lua não apenas ingênua, como também de deselegante simplicidade. De maneira que, no mundo, assim como no céu, pode até haver amor, mas nunca a complementaridade. Hoje a noite é dia. Dia de amar a vida e a ela se agarrar com unhas, dentes e chifres.