Não sei se é o fato de Mercúrio já estar em Escorpião, ou a Lua estar em Aquário, ou a Vênus em Virgem, ou Júpiter e Saturno em Capricórnio, ou o próprio Marte em Áries.

Não sei se é o fato de Mercúrio já estar em Escorpião, ou a Lua estar em Aquário, ou a Vênus em Virgem, ou Júpiter e Saturno em Capricórnio, ou o próprio Marte em Áries. O fato é que a entrada do Sol em Escorpião parece gerar, paradoxalmente, uma paz, uma paz advinda da guerra. Como a tomada de decisão depois de um longo período de dúvida, como encarar a verdade nua e crua depois de tanto tempo em recusa, como se depois de tanta humilhação e impotência, fôssemos restituídos de armas e pudéssemos retomar as rédeas da nossa vida. Ontem às 20h o Sol saiu de sua queda, a Libra. Caira tanto no último mês que deixando de cair ainda se vê no centro da terra, entre dejetos, resquícios, restos, vestígios. O cenário está mais pra suspense do que conto de fadas e isso é maravilhoso. Desopilamos. Bichos escrotos saem dos esgotos, bichos escrotos venham enfeitar meu lar, meu jantar, meu nobre paladar. O Sol, que é a nossa certeza, agora veste a roupa noturna de Marte, a guerra. Viver é sobreviver e dá alegria encarar essa batalha de peito aberto. Na guerra não há neutralidade. São todos inimigos ou aliados e o Escorpião que não confia nem na própria sombra é aquele que sabe que se mantém todos eles o mais perto possível. Assim na luta e assim no amor. Escorpião está sempre assustadora e deliciosamente perto, dentro, fundo e nesse proceder, com pequeno gesto e nenhuma palavra, invade o âmago, apaixona, entorpece.

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Apaixonite Aguda

Itamar Assumpção

 

Quando estou longe

Quero ficar perto

Quando estou perto

Quero ficar dentro

Quando estou dentro

Quero ficar mudo

Quando estou mudo

Quero dizer tudo