Marte acaba de abandonar o seu domicílio diurno, o Carneiro, onde esteve tronado desde de junho do ano passado. Foi, em um só instante, do signo mais rápido para o mais lento do zodíaco, o Touro, seu exílio. Não teve tempo e nem vontade de se lamentar. A zona de conforto é para os fracos e, sem medo, não se pode falar em coragem. De ontem para hoje nossa força ganha corpo e ganhando corpo, ganha peso. De Áries para Touro, dizemos que Marte sofre uma forte humilhação. O que não quer dizer que os seus nativos sejam indignos, o roteirista celeste é um pouco melhor do que isso. Touro é signo que oferece domicílio a Vênus e exaltação a Lua, as duas deusas do céu. É veste revestida de popularidade e sedução. Você sabe, se tem povo e sedução tem poder e se tem poder tem política e vice versa. Longe da sua zona de conforto, sentindo nas costas o peso da vida, Marte ganha o coração do povo porque com ele se parece e com ele se identifica. E cada vez que vai à luta, leva toneladas de pessoas consigo. E cada vez que vence, o povo com ele se regozija como torcida comemorando a vitoria de um time b da série c sobre o predileto da mídia local. Cento e sete quilos distribuídos em um metro e noventa de altura. Marte em Touro tem uma de suas expressões mais lindas Muhammad Ali, a sua força inabalável, a sua popularidade inevitável, a sua recusa à Guerra do Vietnã, a sua leitura fria e seca de uma sociedade racializada e a corajosa tomada de posição diante das injustiças. Marte que no cinema fez o literal Touro Indomável, que em Cuba fez Fidel Castro e, no Brasil, de Carlos Mariguela à @taliriapetrone. Marte em Touro até dia 4 de março pra fazer nossos projetos ganharem corpo, força e frutos.
