Na noite de ontem para hoje a Lua saiu de seu exílio para dar início à conferência dos seis no Aguadeiro.

Na noite de ontem para hoje a Lua saiu de seu exílio para dar início à conferência dos seis no Aguadeiro. Não que já não fosse especial e raro a reunião dos cinco naquele signo que observamos há dias no céu, fenômeno que em astrologuês se chama stellium. Acontece que a Lua não é só mais uma. A Lua é a membrana que conecta a terra a todas as outras esferas celestes. Por paralelo, é ela quem nos conecta a tudo. Direciona nosso olhar, nosso desejo, nosso entendimento. No céu, leva o recado de um a outro planeta, toca um, transmuta a sua luz e a entrega ao seguinte e depois a nós de cá como um espelho refletor e cristalino. Não à toa a sua saga pelos outros cinco no Aquário começa por Saturno. É dele que ela pega a mensagem primeira. E leva à Vênus. De Vênus à Júpiter. De Júpiter a Mercúrio. De Mercúrio ao Sol, onde finaliza seu roteiro com a Nova. Como brincadeira de telefone sem fio. Cochichando no ouvindo do seguinte. E a cada conto aumentando um ponto. O que será da mensagem de Saturno quando chegar aos nossos ouvidos? Quantas camadas. Quantos filtros. Com quantos filtros de barro se limpa a água do mundo e o peito de cada um de nós do lodo ejetado pela ganância, a exploração e o autoritarismo? Precisamos melhorar muito pra vislumbrar um futuro digno. Enquanto reflito aguardo o cochicho no meu ouvido. Cheio de filtro.