Lua e Sol se unem ao anoitecer sob o signo do Escorpião. Às 18h14 a Deusa recebe Dionísio como esposo e da própria Vênus uma coroa cravejada de pedras preciosas. Uma delas, Alphecca, brilha mais que as demais e perpetua no céu as lindas histórias de encontros e desencontros, perdições de amor. Fosse uma pergunta de astrologia horária sobre os sentimentos do amado, a resposta seria de que Marte, o desejoso, ama a si mesmo, enquanto a Lua, a amante, por ele está apaixonada, mas a um ponto e de tal modo que já se perdera de si. Caída, no entanto, Ariadne se lembra que antes de ser mulher, ela inteira poeta.
.
Três luas, Dionísio, não te vejo.
Três luas percorro a Casa, a minha,
E entre o pátio e a figueira
Converso e passeio com meus cães
E fingindo altivez digo à minha estrela
Essa que é inteira prata, dez mil sóis
Sirius pressaga
Que Ariana pode estar sozinha
Sem Dionísio, sem riqueza ou fama
Porque há dentro dela um sol maior:
Amor que se alimenta de uma chama
Movediça e lunada, mais luzente e alta
Quando tu, Dionísio, não estás.
.
(Canção VI, Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé de Ariana para Dionísio, Hilda Hist, Zeca Baleiro e Ná Ozzetti)
.
Agradeço mais que especialmente à grande @caminha.camila_ pela arte que nos atravessa neste início de novo ciclo.