Os Racionais mexem comigo de uma maneira muito profunda. Tocam lá debaixo, no fundo do meu céu, na minha Lua em Escorpião de casa 4 ampliada pela oposição à Júpiter e afiada pelo Marte em Peixes de casa 8. Uma vez o Bruno Lima definiu a tríade de casas astrológicas 4, 8 e 12 como “Sobrevivendo no Inferno” e: sim. É assim que eu me senti durante metade da minha vida. É assim que quando a “chuva cai lá fora e aumenta o ritmo, sozinho eu sou agora o meu inimigo íntimo”.
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O refino e a elegância em todos os detalhes compõem a grandiosa obra desses quatro homens que são produto e, ao mesmo tempo, produtores de seu tempo. Com seus corpos, palavras, sons e imagens eles contam histórias de milhões, traduzem a experiência, os sentimentos e os pensamentos mais íntimos e sinceros de alguém que tem o sofrimento do gueto correndo em suas veias, alguém cuja “alma guarda o que a mente tenta esquecer”.
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Seus shows sempre são catárticos. Um expurgo, um veneno, uma ferida aberta que se toca a fim de aliviar. Os Racionais estiveram comigo toda vez que eu caí. Me entenderam em um lugar que mais ninguém conseguia compreender. Os Racionais se fazem presentes também quando eu me reergo. Quando eu venço. Quando consigo olhar “a estrada que eu trilhei, moh cota, quem teve lado a lado e quem só ficou na bota”.
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Injeção de ânimo, coragem de Marte, alquimia, tradução de Mercúrio e, de quebra, um colo de Vênus, uma cura, um lenitivo pra alma. É assim que é.