Hoje é dia de Iemanjá, “a mãe cujos filhos são peixes”.

Hoje é dia de Iemanjá, “a mãe cujos filhos são peixes”. Quando falamos que Iemanjá é mãe, dizemos que ela nos dá a vida. Informação simples e imensa. Quando falamos que seus filhos são peixes, temos que ela é dona das águas, mas também da abundância já que peixes significa provimento e fertilidade para os povos dos quatro cantos desse mundo redondo. Iemanjá também cuida das cabeças. Cura os loucos, os lunáticos, aqueles que vivem no mundo da Lua. “De médico e louco todo mundo tem um pouco” porque todo mundo é filho de Iemanjá já que Iemanjá é mãe de todos os Orixás. Eu também. Descobri que sou filha de Iemanjá em 2013, descobri que sou louca em 2016 e descobri que sou médica em 2019. “Iemanjá tira com a mão”, disse João Acuio quando me sentei diante do meu primeiro atendimento. A magia quando ali acontece é promovida por Ela. Hoje, fazer de mim mesma uma mensageira dessa magia é honra e prazer que me tomam de tal maneira que dão sentido a minha própria vida. Há dois anos estive com a minha mãe em Salvador saudando Iemanjá. Prometi a mim mesma que nunca mais olharia para o céu para pedir coisa que não fosse saúde mental. A vida é um detalhe, a nossa cabeça é peça forte, linda e frágil como porcelana. Ciente disso, agora posso aceitar a abundância e a felicidade. Aprendizado de uma vida pra quem veio de classe baixa e de um gueto violento como eu. Mas “a gente leva a vida toda pra se tornar quem a gente é”, diz o João. Eu sou canceriana e taurina, duas faces da Lua, a mãe, a que nutre, que é capaz de prover e ser provida. Touro é o único signo que oferece exaltação sem queda em troca. Dádiva que só quem tem de sobra pode oferecer. Deve ser isso que é ser mãe. Hoje a mãe dos céus, a Lua, do signo de Peixes se encontra com Júpiter domiciliado. O dia pede altruísmo e generosidade. Se eu puder dar um conselho: agradeça. Se quiser pedir: peça saúde. Para vocês e todos os outros peixes. Odoyá.

 

Texto de 2020 recopiado como pede a Lunação. Vide texto de ontem.

📸 Florence Deram, 2008.