Hoje é segunda feira, dia da Lua, regente da origem de tudo, da memória e da maternidade.

Hoje é segunda feira, dia da Lua, regente da origem de tudo, da memória e da maternidade. A Lua está em Escorpião, signo extremamente fértil e de lá faz aspecto com o Sol, a luz, a vida que está em Peixes, signo igualmente se não até mais fértil que o anterior. Os signos de água são assim, os dias em que os Luminares neles estão também o são: abundantes e prolíferos como um rio amazônico.

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É sempre uma questão de perspectiva. A constelação que os gregos viram um cisne os tupi guarani viram a ponta de uma anta, a anta do norte, aquela cujo caminho está desenhado por um rastro celeste que o cientistas viram e nomearam a via láctea. Dizem os colonizadores que a anta é estúpida pois faz o mesmo caminho todas as noites em busca de alimento o que facilita a sua captura pelos predadores, no caso os humanos. Os nativos viam o mesmo rastro, mas com a humildade própria dos sábios liam diferente: esse animal se lembra, ele registra, ele traça a mesma caminhada no meio do mato todos os dias, coisa que um ser humano com muita dificuldade faria. Outros cientistas, certamente virginianos abriram a cabeça de uma anta morta e contaram meticulosamente os seus neurônios. Eureca! O mesmo número encontrado nos elefantes, aquele animal do outro continente, vocês lembram, o da memória. Arqueólogos e biólogos, esses talvez de Capricórnio, remexem a terra em busca de ossos. A anta, eles dizem, é um fóssil vivo porque a mesma que se via há 5 milhões de anos é possível se ver hoje em dia. Já os guarani acreditam que encontrar uma anta é uma sorte do seu tamanho, o maior mamífero da América do Sul.

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Ontem eu vi uma anta na calada da noite, no meio de uma estrada aos arredores do Parque do Xingu. Me falta o ar só de lembrar. Que sorte! Não senti medo, senti um amor muito profundo porque a vi com os olhos que Yxapy @koratan.astrologia me emprestou e me senti muito sortuda pela anta, pela terra, pelos indígenas, pela natureza e por todas as lentes que essa gente, tão generosamente, me dá e que enriquecem o meu olhar, o meu entendimento sobre tudo o que há.

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Acordei hoje e olhei pro céu pedindo apenas que o mundo continue permitindo a existência da multiplicidade rica que aqui se cultiva.