Hoje é domingo, dia 30 de outubro de 2022. O Sol está em Escorpião, a queda da Lua e a Lua em seu exílio, o Capricórnio. Hoje é um dia histórico. E, sendo um dia histórico, é um dia que não é um dia. Nem um ano e nem mesmo uma década. São milhões de vidas. De pés que pisaram esse chão sobre o qual cada um de nós caminhamos hoje. Acordei pensando nos que vieram antes, nos que resistiram, nos que lutaram pra que fôssemos o que somos hoje. Seja qual for o resultado das urnas hoje, fizemos História. Não desistimos. Não nos entregamos. Vestimos vermelho que é a cor de gente viva por dentro, de paixão, de vontade de viver. Vermelho que é a cor da brasa ardente, Brasil. Não a porção de terra tomada pelos europeus, mas Paubrasilia echinata, a árvore centenária, milenar, a vida que, semelhante à nossa, deu de brotar por esse pedaço de mundo. E quando digo que fizemos História com H maiúsculo não é pra alimentar o ego de ninguém até porque a Lua em Capricórnio do dia exige humildade e pé no chão. É, ao contrário, pra que nos percebamos miúdos e breves nessa enorme métrica do Tempo, o compositor de destinos, tambor de todos os ritmos. Oferecemos hoje, e todos os dias até aqui, tudo aquilo que somos capazes. É pouco o que temos, mas demos tudo. Com a alegria de quem faz uma oferenda aos Orixás, com a generosidade de uma mãe pondo uma mesa farta de arroz e feijão. Com a esperança de alimentar os que estão por vir. De comida, de vontade, de desejo e oportunidade de ser do tamanho que se merece. E amanhã? Amanhã seguiremos da mesma forma que hoje. Fazendo de tudo pra honrar a nossa caminhada com dignidade, cada vez mais conscientes da nossa classe, das nossas raízes e do nosso destino.
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