Hoje é terça feira, dia de Marte, o Deus da Guerra. No início da tarde Vênus, a Deusa do Amor, trajada com armas de Marte, Áries, chega no topo do céu de onde olha Saturno, o Deus da Morte, frio e seco em seu trono noturno, Capricórnio. A mocinha e o vilão. A Lua em Gêmeos, que somos nozes, se distancia da oposição a Capricórnio por antíscia e se aproxima do sextil com a Vênus como quem escolhe um lado. Vênus em Áries, a da Gal Gadot, a Mulher Maravilha, ama como se brigasse, mas não como se obrigasse. Áries é território de briga, mas quem obriga é Saturno. E castiga. Saturno odeia Áries porque gosta de comida gelada e Áries flameja demais. Uma quadratura entre dois signos regidos por Marte, dois cardinais, dois violentos, dois chifrudos, mas um deles, o Carneiro, ardente, faisca, apressado, exalta o Sol e oferece queda a Saturno. A Cabra, fria e determinada, domicílio do Tempo, exaltação das Armas. Conheci um baiano de Vênus em Áries que dizia à sua esposa : “sem briga nossa relação não vai muito longe, sinto falta de uma picuinha, você não me da umas unhadas, não põe fogo nas minhas roupas… não sei porque ser tão fria”. Pois bem. Hoje Vênus chega no topo do céu pronta pra revisitar aquela relação. Vamos sair na mão? Vamos ver quem manda? A Vênus briga pra se sentir viva, mas não há o que obrigue Saturno a corresponder. Um túmulo. Um muro. Gélido. Indiferente. Já teve vontade de rasgar a roupa de alguém pra ser notada, por amor ou pelo menos pela raiva? “É a sua indiferença que me mata”, diz Zezé de Camargo e Luciano. Saturno não vai discutir nada no tempo da Vênus. O Tempo é (d)Ele. Nesse jogo seco, bélico e angustiante assistimos a lava escorrer pelo frio e indiferente solo da Cabra. Ardemos. No peito uma raiva que não afeta ninguém além de nós mesmos. Na pele a frieza de um ex amor que só agora percebemos que há muito já morreu.
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