Durante a madrugada a Lua saiu de seu domicílio para visitar o morada do Sol, o signo do Leão.

Durante a madrugada a Lua saiu de seu domicílio para visitar o morada do Sol, o signo do Leão. Mal sentiu o calor arder sua face, ela já se deparou com Saturno a 180° graus. Ele a recebeu como de costume, frio, seco, indiferente. “É a sua indiferença que me mata”, foi a música que Lua leonina se lembrou. Leão é antíscia de Touro. Hoje ela também está afeita a um lamento sertanejo. Ainda com o ego ferido, ela vai em direção ao Sol em Gêmeos com quem faz relação de sextil. Ao ouvir seus lamúrios e sua música, o Sol que está em Gêmeos, disposto por Mercúrio, pensa rápido: a música, os cantores, a dupla sertaneja. Conta a ela uma fofoca de ontem: Zezé di Camargo e Luciano estão com Covid19. Pagaram em uma live. Live que virou sinônimo de show. Viver é se amostrar, é ver e ser visto. Ela volta a se lamentar da sua tragédia de ter recebido um gelo de Saturno. Dos Gêmeos o Sol além de sextil, estabelece com a Lua leonina uma relação de visão. Ele a vê. Ela o vê. E dispostos a se verem, conversam longamente durante todo o dia. Ela no signo dele presta lhe atenção. Ele no signo de Mercúrio, fala até que a vertigem de suas palavras a faz distrair de seu trauma anterior.

Os Gêmeos vêem o Leão em plenitude, em parte porque não o leva a sério. O Sol vai buscando outros assuntos, outros recursos. Atrás da fofoca boba da dupla sertaneja, ele quer dizer, Lua, talvez seja melhor mesmo não dar show por enquanto. Na verdade, talvez essa não seja sequer uma opção. Não que ele seja mais sábio que ela, é só que tem a seu favor o benefício da dúvida. Como crianças sentadas no quarto e de castigo, planejam vinganças e fugas, mas se dão conta da hierarquia. Existe uma ordem à qual estamos submetidos. Pras crianças falantes, os pais que impõem castigos, para nós que vivemos, a morte inevitável, para quem está atravessando 2020, a morte tem nome, corona. Até o fim do dia é muito pouco tempo para a Lua compreender a lição de Saturno, assim como até o fim do ano talvez seja pouco para que a humanidade entenda o que essa experiência tem a nos ensinar. Até lá showzin vai bem, só quem tem que ser sozin.

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