Ontem começou a segunda Lunação do Caranguejo. Me perguntaram qual o simbolismo que duas Lunações no mesmo signo tem. Devo lembrar que no céu só há o que é necessário. Marte em Áries pra lutar ferrenhamente até o ano que vem. Saturno retrógrado em Capricórnio pra não deixar dúvidas sobre o que foi finalizado, duas Lunações em Câncer porque há de se gestar um novo mundo. Sem otimismo destemperado até porque pra gestar nem precisa disso. Criar um novo mundo pra si, um novo sentido que nasce dessa experiência, desse chão, dessa vida na qual só há uma certeza: a morte. Uma Lunação no signo da maternidade, ferida em oposição pelo planeta do fim, agindo no cenário da casa 8, as transformações, mortes materiais e simbólicas, escolhas difíceis que concretizam o caminho para uma ou outra porta, deixa fenecer a outra possibilidade. Desse conflito entre o berço e o caixão, tanta gente morrendo, tanta gente nascendo, a energia vital dos pequenos a ajudar a alma dos velhos a seguir seu caminho. Viver é uma grande redução de danos. Gestar não é nada além do necessário. Parir uma nova vida é tão certo e inevitável quanto o fim. Na casa 10 dos Luminares, o resultado dessa forte oposição celeste: Marte em Áries. Como se vivêssemos por falta de alternativa e como se gestássemos a própria força que nos colocará em pé até o fim desse ano. Marte na 5 da Lunação, mais uma vez, a gestação. O céu é repetitivo e prolixo como esse pequeno texto, como a nossa vida. Morre e nasce trigo, vive e morre pão.
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📸 devon cummings, Nepal, 1991.