A Lua está exilada como se a membrana responsável pela nossa conexão com o mundo tivesse dado um passeio.

A Lua está exilada como se a membrana responsável pela nossa conexão com o mundo tivesse dado um passeio. Mas nem tanto. Longe de casa a Lua continua a exercer a sua função. Como uma mãe que trabalha fora cuja ausência durante o dia se faz notar a cada instante. Repara bem no que não digo, disse Leminski. Lá do signo de Virgem, Leminski dizia tudo até quando não dizia, assim como o Frei Betto citado no horóscopo se ontem com seus 6 planetas em Virgo. Num ponto equidistante do Escorpião a Lua na Cabra também em estilo elegante, doido, mas sóbrio, em tons discretos e terrosos tem por hábito dizer ainda menos. Palavras medidas para se evitar desperdícios. No terceiro signo a partir do Sol e de Mercúrio que estão em Escorpião, a Lua se jubila, como no dia do nascimento de Paulinho da Viola. A Lua, porta voz dos segredos do Lacrau, exerce muito bem sua função não dizendo nada e assim informando tudo.

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Para ver as meninas

 

Silêncio por favor

Enquanto esqueço um pouco

A dor no peito

Não diga nada

Sobre meus defeitos

Eu não me lembro mais

Quem me deixou assim

Hoje eu quero apenas

Uma pausa de mil compassos

Para ver as meninas

E nada mais nos braços

Só este amor

Assim descontraído

Quem sabe de tudo não fale

Quem não sabe nada se cale

Se for preciso eu repito

Porque hoje eu vou fazer

Ao meu jeito eu vou fazer

Um samba sobre o infinito

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Foto: Leslie Zhang