A Lua míngua em Leão, ferida e orgulhosa como uma mulher recém abandonada por seu amor.

A Lua míngua em Leão, ferida e orgulhosa como uma mulher recém abandonada por seu amor. A Lua quando em Leão ama o Sol que, hoje, só tem olhos para a Vênus, essa desprezivelmente linda que vai ao seu encontro a fim de se unirem em corpo e alma no fim da tarde de sábado, evento ao qual chamamos Cazimi de Vênus. A Lua, rejeitada, sente o frio que emana de Saturno em Aquário a quem se opõe durante a tarde de hoje. Leva essa dor aos cuidados de Marte por sextil dando fim à humilhação ainda nesta madrugada. Amanhã de manhã, surrada e recomposta, ela encara o novo casal de cabeça erguida performando uma indiferença que ainda não existe.

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FERA FERIDA

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Acabei com tudo

Escapei com vida

Tive as roupas e os sonhos

Rasgados na minha saída

Mas saí ferido

Sufocando meu gemido

Fui o alvo perfeito

Muitas vezes no peito atingido

 

Animal arisco

Domesticado esquece o risco

Me deixei enganar

E até me levar por você

 

Eu sei quanta tristeza eu tive

Mas mesmo assim se vive

Morrendo aos poucos por amor

 

Eu sei, o coração perdoa

Mas não esquece à toa

E eu não me esqueci

 

Eu andei demais

Não olhei pra trás

Era solto em meus passos

Bicho livre, sem rumo, sem laços

 

Me senti sozinho

Tropeçando em meu caminho

À procura de abrigo

Uma ajuda, um lugar, um amigo

 

Animal ferido

Por instinto decidido

Os meus rastros desfiz

Tentativa infeliz de esquecer

 

Eu sei que flores existiram

Mas que não resistiram

A vendavais constantes

 

Eu sei as cicatrizes falam

Mas as palavras calam

O que eu não me esqueci

 

Não vou mudar

Esse caso não tem solução

Sou fera ferida

No corpo, na alma e no coração

 

Não vou mudar

Esse caso não tem solução

Sou fera ferida

No corpo, na alma e no coração

 

Sou fera ferida

No corpo, na alma e no coração

 

Sou fera ferida

No corpo, na alma e no coração

 

Composição: Roberto Carlos E Erasmo Carlos