A Lua vai em Áries, signo de Marte, ontem já teve muita coisa e hoje ainda vai bem mais. Aos 12 graus do Carneiro, numa roda de samba, a Lua da uma piscada para Mercúrio que já está aos 13 dos Gêmeos. Mais adiante está Vênus que ali dos 21 graus volta lenta com um petisco, uma latinha de cerveja na mão. Hoje é segunda feira, tenho saudades do samba do trabalhador, mas não é porque não tem que eu vou deixar de iniciar os trabalhos. Sabe que tem um fenômeno da língua brasileira que é o “inho”, diminutivo gostoso, sonoro, anasalado que começa com sorriso e termina com biquinho. É com essa gracinha que o próprio Marte à brasileira mostra sua faceta mais improvável e linda: Martinho. Como vocês devem imaginar estou um tanto sem tempo hoje, mas o que posso dizer é esse sargento datilógrafo, sambista da Vila, tem em seu mapa natal nada menos que quatro planetas no Aquário. O astrólogo que se preze deve nesse momento perguntar: e Saturno? Em Áries, a sua queda. E Marte? Também em Áries, seu domicílio. Saturno de Martinho on fire. Marte de Martinho em seu trono, a batalha em campo aberto. O sujeito com toda essa pressa, com toda essa quentura, com toda essa vonatade, cabeça quente, cólera, é capaz de me fazer uma canção que pede o vagar. Devagar, com vagar, vagarosamente, sem pressa, sem brusquidão, suavemente, de forma progressiva. E depois de fritar os miolos ha de se lembrar que seja Martinho, seja Martão, o ser humano está sempre submetido a uma ordem maior chamada tempo, ele mesmo Saturninho ou Saturnão, que é a beleza do tempo, da maturidade e, mesmo em queda, nos empresta a vida linda de um Martinho que aprendeu e nos ensina como direcionar a potência transformadora a fim de vencer, produzir, mover e conquistar, os desejos maiores do Carneiro. A Lua em Áries vê o Mercúrio, o malandro carioca, há de se ter malemolência pra sobreviver nesse mundão.
Eu conheci um cara
Que queria o mundo apagar
Mas de repente
Deu com a cara no asfalto
Se virou olhou pro alto
Com vontade de chorar
É devagar!
É devagar!
É devagar é devagar
Devagarinho
Sempre me deram a fama
De ser muito devagar
E desse jeito
Vou driblando os espinho
Vou seguindo o meu caminho
Sei aonde vou chegar