Foram 383 dias em que Júpiter, o Deus dos Deuses se rastejou em território frio, seco e hostil de Capricórnio.

Foram 383 dias em que Júpiter, o Deus dos Deuses se rastejou em território frio, seco e hostil de Capricórnio. Queda, condição de humilhação extrema a qual todos os planetas por vezes são submetidos. No caso do Grande Benéfico, o Grande Infortúnio. No caso do Grande Falo Celeste, o sentimento generalizado de impotência, a terra salgada, a infertilidade, a incapacidade de distribuir a sorte, a justiça e a abundância aos seus. Hoje, em plena festa romana da Saturnalia, aquela em que os senhores são açoitados pelos escravos, Júpiter encontra território quente e úmido do Aquário pra voltar a fecundar. O Grande Rei no traje de diurno de Saturno e no exílio do Sol. O mocinho sob o signo do vilão, mas nem tudo é o que parece ser e é por isso que os melhores roteiristas são aqueles que reproduzem a complexidade do céu. Júpiter se levanta, assim, exibindo suas cicatrizes e seu desprezo pelas autoridades. Se ergue contra toda forma de injustiça, despotismo e humilhação. É pra glorificar de pé, Igreja! Júpiter de túnica e tina nas costas servindo água a quem tem sede. O critério de seu itinerário não são as paixões, nem os afetos, nem as nações. O tempo ainda é de Saturno, o esbanjamento ainda não é a lei e justamente por isso, os mais necessitados beberão primeiro. Sob signo de Aquário você deverá aguardar a sua vez como qualquer outro reles mortal. O Júpiter adentra o signo da Justiça Social. A Lua desliza nos Peixes como se fosse chuva que decorre do trovão. O vento sopra um novo tempo e uma alegria obscena e incontida toma meu coração.