Hoje é domingo mas parece que estamos presos numa eterna pré segunda que só se resolverá amanhã, a primeira segunda do ano, a segunda das segundas. Segunda feira é dia da Lua, mas esse nosso jeito de pôr a vida em ordem na segunda é tão virginiano. Pôr a vida em ordem, ainda que sem sucesso só pra que essa intensão da ordem gere um movimento de ordem e alivie a sensação deixada pelo caos das ultimas semanas. As coisas não funcionam como deveriam. As atividades rotineiras suspensas. Com todo respeito a quem gosta de fim de ano, mas eu gosto mesmo é quando começa a entrar nos trilhos de volta. Sempre gostei. Meu dia preferido de todas as festividades quando criança era o dia 6 de janeiro que é o dia internacional de desmontar presépio. Só depois fui saber que é dia do astrólogo, o ofício que foi ganhando lugar na minha vida. O presépio ainda tá montado, mas não tem mais festa. Tem papel e caneta, compras normais para almoços normais, saudade de comer feijão, coisa chata isso de trocar feijão por uva passa, o ovo frito pelo chester. Pra quem não gosta de fim de ano hoje é como se fosse o momento pós atividade física para quem é preguiçoso, o momento pós terapia pra quem tem aversão a Freud mas precisa. Percebam que eu reclamo mas estou feliz. Ou o contrário. Estou feliz e estou reclamando. Ou estou feliz por estar reclamando, por poder reclamar. Como se bagunça fosse fundamental pra que eu pudesse retomar o prazer de recolocar tudo no lugar e ficar sozinha em casa num dia que não é natal e nem réveillon e nem véspera. É só um dia normal. Acho que é assim que a Lua em Virgem olha o Sol na Cabra por trígono de terra hoje. Uma afeição pela partilha de um cotidiano, um pé no chão, uma mão na massa.
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Meu nome é Thamires Regina Sarti Ribeiro Moreira.
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Bom dia.