Hoje é quinta feira, dia de Júpiter, aquele que se exalta no Caranguejo, o signo da memória, e por isso é planeta que preside o #tbt , ou seja, a memória ostentação. Mas Júpiter está em Capricórnio, a sua queda, e o ano todo evitou lembrar-se das suas mazelas. A Lua, entretanto, está tronada em Câncer e nos lembra de tudo. Flashbacks leves e tênis logo no café da manhã. A Lua, até o fim do dia, busca um trígono com o Sol em Escorpião. A Lua na 9 do Sol, a sua mestra. O Sol na 5 da Lua, a sua cria. E ainda há quem diga que o Caranguejo é fofo e o Lacrau demônio. A astrologia nos desafia a um mergulho filosófico da alma. Nada é o que parece ser com os olhos submersos em experiências ínfimas pessoais e verdades simples e ordinárias. As águas não são encontradas em levianos tratados de gênero dos últimos séculos. As águas são encontradas muito antes do ser humano existir. O caranguejo é o bicho mais antigo do zodíaco, o Escorpião é um seu desdobramento, nada mais do que um Caranguejo que ganhou a terra, a habilidade de atravessar um deserto. Mais antigo que isso são águas do mar. As marés. As ondas. Só entende os signos das águas quem tem medo e, não obstante, coragem de se lançar ao mar e se vê mergulhado em delírio, um tempo a parte, uma densidade, perder o chão, perder o controle, encontrar leveza para não se afundar, a calma de espírito diante da imensidão incontrolável. Retomar aos poucos os pés no chão, não mais o peso das circunstâncias, mas o próprio corpo. Encarar de volta o horizonte imenso, o mar, o oceano infinito e avante.