A Lua entra em Câncer no fim da manhã desta terça feira. Chega em casa, abre a porta, deixa chaves, bolsa, sapatos, mas antes de se sentar ela sente. Sente a presença da Vênus em Escorpião que a espera à meia luz, porta do quarto entreaberta. Vênus disposta por Marte, Marte disposto pela Lua. É um convite ou arapuca. Quando seus olhos se cruzam a adrenalina jorra, o coração dispara. A Lua em casa, a Vênus em caça. Ou o contrário. Mas agora seus dedos e pernas estão entrelaçadas e nada disso importa. Escorrem pelos braços uma da outra num movimento direto, indireto, oblíquo. Um tango, um samba, um jazz, qualquer coisa aquece a sala e nada disso importa. A profundeza das águas fez o tempo parar, o ruído silenciar. Trígono úmido das deusas hoje no céu nos convida, nos obriga a mergulhar.
