Não costumo me despedir dos planetas, via de regra só comemoro as suas estreias.

Não costumo me despedir dos planetas, via de regra só comemoro as suas estreias. Hoje, porém, sinto vontade de exercer minha função canceriana no mundo e exaltar a passagem de Júpiter pelo seu domicílio noturno, os Peixes. Foi uma primeira palinha de 14 de maio a 28 de julho do ano passado, e uma passagem abundante signo inteiro adentro desde 29 de dezembro até às 20h22 de amanhã, dia 10 de maio. O sucesso de bilheteria foi tanto que o grande benéfico retorna para o um bis entre 28 de outubro e 20 de dezembro de 2022. Depois disso, sorte desse tamanho, só dia 9 de junho de 2025 quando ele será recebido pelo fértil Caranguejo.

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Como o Sol está em Touro e essa semana foi aniversário do Marx me sinto na obrigação de fazer a devida ponderação de um Júpiter em Queda: fundamental é mesmo arroz é impossível ser feliz faminto. Ou, conforme outro taurino: miséria trás tristeza e vice versa. Entretanto, Júpiter em signo melancólico é tão 2020…

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De dezembro para cá sentimos no peito um otimismo obsceno (a Lua ainda nem está em Virgem). Uma vontade, mas mais que isso, uma necessidade de sonhar. Júpiter é aquilo que nos faz levitar, disse Ueno certa vez, e que dádiva ter professores cujas vozes se fazem ecoar. Quais são seus sonhos de princesa, os seus desejos mais profundos? Até o mais seco cético não resiste às águas do inconsciente quando deita sua orelha sobre o travesseiro. Eu aposto, truco e multiplico por 6, ladrão! Quem não levitou, na verdade só não percebeu e venho hoje justamente dizer que tem até amanhã às 20h para fazer. A religião é o ópio do povo, mas não tem marxista que consiga existir no Brasil de 2022 sem uma dose de um ou de outro.

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Outros, ainda, se embriagam de astrologia ou então de poesia, que não deixam de ser a mesma coisa. Cada um em seu tapete mágico, todo mundo está preparado para não ser pego de surpresa no dia de fazer seus 3 pedidos ao gênio. Tá aí um privilégio que não é de classe.

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Somos feitos de carne, ossos e um monte de doidera. Os desígnios de Júpiter é que alimentam a nossa alma.

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“Olha, eu vou lhe mostrar

Como é belo este mundo

Já que nunca deixaram o seu coração mandar”