Ontem terminei dizendo que nada permaneceria como antes. Pois que hoje é quarta feira, dia de Mercúrio que está, adivinha, em Peixes, ainda, e me deu vontade de dizer exatamente o contrário do que eu disse antes. Tudo permanecerá do jeito que tem sido. Primeiro porque @luzeira.astrologia me lembrou dessa canção ontem e meu deu paz. Segundo porque se a gente olha pra história recente e os olhos nas cerejas do bolo, os governos, em busca de estrutura a gente só se frustra. É tudo passageiro e ilusório se olhamos com olhar um pouco mais distante. Não os últimos 60 anos, mas os últimos 600. Há permanências, mais do que rupturas e muito mais do que gostaríamos. Cereja de bolo é xuxu com açúcar e corante. A massa somos nós mesmos e desde sempre e até o fim. Essa noção de temporalidade mais ampla. Entre Lua e Saturno, entre Caranguejo e Capricórnio. Ansiedade é sobrenome de Júpiter. O único que lhe impõe limites é Saturno, a estrutura. Por vias tortuosas lembrar que somos a mesma classe fudida, pôr os olhos além das miudezas, reconhecer nossa pequeneza, são coisas que amenizam essa angústia. Aprendi isso com uma Mãe de santo. Que aprendeu com sua mãe, que aprendeu com a dela e assim sucessivamente vamos sendo constituídos dessa força que nos atravessa em sangue, em aprendizado, em experiência.
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Não me iludo
Tudo permanecerá do jeito que tem sido
Transcorrendo
Transformando
Tempo e espaço navegando todos os sentidos
Pães de Açúcar
Corcovados
Fustigados pela chuva e pelo eterno vento
Água mole
Pedra dura
Tanto bate que não restará nem pensamento
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei
Pensamento
Mesmo o fundamento singular do ser humano
De um momento
Para o outro
Poderá não mais fundar nem gregos nem baianos
Mães zelosas
Pais corujas
Vejam como as águas de repente ficam sujas
Não se iludam
Não me iludo
Tudo agora mesmo pode estar por um segundo
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei
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📸 uma sambista da roda do recôncavo baiano, Iphan.