Paulinho da Viola, 78 anos muito bem vividos.

“Um mestre do verso, de olhar destemido,

disse uma vez, com certa ironia :

“Se lágrima fosse de pedra

eu choraria”

Mas eu, Boca, como semrpe perdido

Bêbado de sambas e tantos sonhos

Choro a lágrima comum,

Que todos choram

Embora não tenha, nessas horas,

Saudade do passado, remorso

Ou mágoas menores

Meu choro, Boca,

Dolente, por questão de estilo,

É chula quase raiada

Solo espontâneo e rude

De um samba nunca terminado

Um rio de murmúrios da memória

De meus olhos, e quando aflora

Serve, antes de tudo,

Para aliviar o peso das palavras

Que ninguém é de pedra”

.

Paulinho da Viola, 78 anos muito bem vividos.