Unidos do Viradouro é a grande campeã do carnaval carioca, fato que lava a nossa alma e enche nosso coração de alegria. Com o samba enredo “Viradoro de Alma Lavada”, a escola trouxe à tona “a vida das ganhadeiras, das lavadeiras do Abaeté envolvidas pelo zelo da orixá que lava as nossas almas: Oxum”. A escola desfilou 12 horas depois da Lunação, quando Luminares e Mercúrio estavam lavavam o Fundo do Céu com a abundante água dos Peixes. Fundo do Céu é a casa do nosso fundamento, a terra, a casa, o tesouro, o alicerce, de alguma maneira, a alma das nossas ancestrais. Se ao meio dia levávamos os ancestrais para o palco (ver #horóscopo do dia 24). À meia noite, virando o céu de ponta cabeça, levávamos água à eles, lavávamos o chão e a alma. No ascendente surgia Sagitário, signo de Júpiter que por sua vez transitava pela casa 2, a dos *ganhos* . Júpiter em Capricórnio, benéfico, generoso, mas debilitado, no território de Saturno, o planeta fome. Não a abundância, mas o suficiente para tirar a barriga da miséria, para comprar a liberdade, pra por comida na boca dos seus. Naquele dia 6 planetas transitavam em signos femininos, três deles em Peixes, a abundancia, outros tres em Capricornio, a carestia. Tres deles sob signo de Saturno em Capricórnio na casa 2, limitando o ganho, outros tres no signo de Venus em Áries que transitava pela casa 5, estando ao mesmo tempo exilada, mas jubilada como as ganhadeiras exiladas de suas terras natais, apartadas de seus pais, mas que, acidentalmente, encontraram na luta cotidiana o lugar de amor, do prazer, dos filhos e da festa. Não bastasse o merecidíssimo título, ganhamos a Grande Rio em segundo lugar, com enredo sobre outra base, Joãozinho da Gomeia e, em terceiro, Mocidade, com enredo homenageando em vida nada menos que a própria Elza Soares. Tudo leva a crer que começamos muito bem a Lunação dos Peixes! Amanhã volto até com mais amor para o arquivo.
.
O trecho entre aspas é da historiadora Taina Aparecida Santos em texto essencial publicado hoje no site do Geledes.
.
📸 Negra da Bahia, 1885. Fotografia de Marc Ferrez, acervo Brasiliana Fotográfica/Instituto Moreira Sales.
.