Vinte e seis dias é o que a Lua precisa para dar uma volta por todo o céu. Vinte e seis anos é o que a Marília precisou para visitar os quatro cantos do Brasil e em cada uma das suas Vinte e seis capitais cantar uma música inédita e arrastar multidões de primeira. Você sabe o tamanho do Brasil? De verdade mesmo? Você já atravessou de uma ponta a outra e viu nos olhos a diferença entre cada um que essa terra habita? Todos, sem exceção, foram tocados ao longo de suas vidas pela voz dessa Marília. A Lua é a grande Deusa, aquela nos revira do avesso todos os meses, que nasce, cresce e morre em Vinte e seis dias e que hoje está em queda e silenciosa em Escorpião, o seu suplício, tão distante quanto possível da sua exaltação, o Touro, que é, por sua vez, o ponto mais alto da sua expressão, mais gostoso, acolhedor e popular. Essa Lua que muito provavelmente era a sua Lua Natal e que a levou ao topo do mundo arrastando chifres no asfalto, tocando fundo do peito, fazendo nossas águas rolarem. Lua essa que dispunha o seu Sol, apesar dela nunca ter me dado ouvidos quando eu lhe disse por mensagens e e-mails que seu signo não era Leão e sim Caranguejo. Não, Marília, a sua coroa não é de rei, é de rainha, é ainda mais linda, é da Lua. Essa que é tão preciosa porque acessa o mais íntimo que há entre nós e mais: acessa a todos e a todas em um país sem tamanho como esse. Vinte e seis anos, Marília. Hoje muito mais que Vinte e seis milhões choram por sua causa e dessa vez sem ter você para consolar. Hoje eu sofro e não sofro sozinha e nem remotamente agora estaria. Como você mesma nos demonstrou.